A NOTÍCIA CHEGOU! E aí, o que fazer? Reflexões de uma professora...

Educação e Cidadania

Algumas reflexões...

A notícia chegou para nós, dia 16 de março de 2020, no final da tarde... 

As aulas foram suspensas, pois mundialmente a ameaça de uma pandemia tornava-se real. 

Cada um de nós a seu modo, com a complexidade de nossas subjetividades e elegendo prioridades foi processando e encarando o isolamento, o sofrimento de muitos estampado nos diferentes meios de comunicação, a triste novela política, especialmente a brasileira, a preocupação com a própria vida e daqueles mais próximos, e assim, escrevendo nossa história e agindo de formas variadas... 

Esse tempo diferente que estamos vivendo, inicialmente nos parecia enorme e trazia em si a necessidade de uma nova organização. Aos poucos foi sendo preenchido e agora nos parece curto novamente pra suportar tantos sonhos e sentimentos...  Mas é certo que todos nós já pensamos, mesmo que por um breve tempo, sobre o sentido de nossas vidas e da nossa profissão. 

Vidas que faziam sentido no exercício de nossa profissão, no abraço afetuoso, no compartilhamento de expressões e sentimentos, nos eventos sociais, nas refeições em família, nos toques, nas celebrações, nas festas, nas trocas que fazíamos com as crianças na escola, no aconchego dos netos, nas aglomerações... Fomos buscando novos sentidos paras nossas vidas ou buscando novas formas de manter o que já tínhamos. 

Um desafio que se tornou gigantesco quando a realidade mundial de diferenças de classe, de luta pelo poder, de valorização do capital ficou tão evidente. Enquanto uns se entediam por ficar em suas casas, outros não têm casa ou passam fome. 

Nossas vidas se entrelaçam e vivemos as consequências de nossos próprios atos e dos atos dos outros. Vê-se a própria origem dessa pandemia. Seguimos buscando novos sentidos, partilhando tristes notícias e atos grandiosos de solidariedade. 

E a nossa profissão? 
Era o que nos realizava como ser humano? 
Era nossa possibilidade de atuar em benefício de uma nova sociedade mais justa e fraterna? 
Era nossa forma de sustentar nossas famílias? 
Estamos sem trabalhar porque fazemos parte de um serviço não essencial?

Podemos até ser considerados assim, por alguns, mas realmente nossas interações são tão próximas que colocam todos em risco... 

E é nesse contexto que evidencia-se nossa maior função... o social, a apresentação para as crianças de um mundo com seres humanos dignos dos mesmos direitos, onde o bem comum, a solidariedade, têm que ser pensadas, priorizadas, planejadas; onde o conhecimento seja partilhado com responsabilidade ética, política e profissional. 

Somos uma só "humanidade"! Fazemos parte de uma mesma casa! Tudo que foge disso é imoral, é injusto, é perverso.

A educação Infantil é fundamental nesse processo de apresentar essa possibilidade às crianças. E é sim, nas relações afetuosas que isso acontece. É na vivência de atividades em grupo, na valorização do protagonismo de todas as pessoas, no respeito a si mesmo, ao outro e à natureza que isso acontece. 

É possibilitando o acesso ao conhecimento intermediado pelas relações sociais vividas no CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil). Somos indispensáveis SIM! E teremos que correr atrás de nos unirmos no sentido de buscar formas de nos conectarmos, unindo nossos sentimentos, sonhos, expectativas e conhecimentos, além da importância de construirmos uma nova prática, pois o "lugar" que conhecíamos, já não é o mesmo. 

O mundo precisa de pessoas que vejam além dos seus umbigos! E temos uma responsabilidade nesse processo, pelo simples fato de sermos profissionais da Educação Infantil, onde participamos efetivamente de uma etapa fundamental na formação da personalidade das crianças. 

Esse tempo implora por novos e melhores tempos! 

"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...! (Geraldo Vandré)

Por Clarice B. G. Barcelos
Professora e Pedagoga do Sistema Municipal de Educação de Vitória/ES


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