FAMÍLIA INFLUENCIA DESEMPENHO ESCOLAR DE SEUS FILHOS E FILHAS
Pais influenciam mais o
desempenho dos alunos do que a infraestrutura da escola
O envolvimento dos pais e o nível socioeconômico das famílias têm maior influência no desempenho dos estudantes do ensino fundamental no Brasil do que a infraestrutura das escolas e o fato de os estabelecimentos estarem localizadas no campo ou na cidade.
É o que mostra o Terceiro Estudo
Regional Comparativo e Explicativo (Terce), lançado hoje (30) pelo
Escritório Regional de Educação da Unesco para a América Latina e o
Caribe. O estudo também considera a disponibilidade de material escolar e
a pontualidade dos professores como fatores que melhoram o desempenho.
“Não se observam diferenças de
desempenho entre escolas urbanas públicas, urbanas privadas, nem rurais,
depois de considerar todos os fatores de contexto social, de aula e
escolares. O mesmo ocorre com a infraestrutura, que não mostra relações
significativas com o desempenho”, diz o estudo.
O Terce avalia o desempenho escolar no
ensino fundamental – do 4º ao 7º ano do ensino fundamental, no Brasil; e
da 3ª à 6ª série, nos demais países – em matemática, linguagem (leitura
e escrita) e ciências naturais. Os primeiros resultados do Terce foram
divulgados no ano passado. Nesta divulgação, o estudo incluiu os fatores
associados à aprendizagem em cada país.
De acordo com o estudo, no Brasil, o
desempenho dos estudantes melhora quando os pais acompanham os
resultados obtidos na escola, apoiam os filhos e chamam a atenção deles.
O desempenho, no entanto, piora, quando os pais supervisionam e ajudam
sempre nas tarefas escolares, tirando a autonomia dos filhos.
Segundo o estudo, os estudantes que
vivem em regiões desfavorecidas têm desempenho pior, independentemente
das condições da própria casa. No entanto, se os pais têm altas
expectativas e incentivam os filhos quanto ao que será capaz de alcançar
no futuro, ele obtêm melhores resultados.
O Terce mostra ainda que frequentar a
pré-escola, desde os 4 anos, melhora o desempenho dos estudantes. Por
outro lado, faltar à escola diminui o desempenho.
Em relação às novas tecnologias, os
estudantes do 7º ano que usam computadores na escola com frequência
tendem a conseguir pontuações menores em matemática. Já os que utilizam o
computador fora do contexto escolar tendem a ter melhores resultados em
todas as provas.
O Terce é um estudo de desempenho da
aprendizagem em larga escala realizado em 15 países (Argentina, Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México,
Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai), além
do estado de Nuevo León (México). Mais de 134 mil crianças do ensino
fundamental participaram da avaliação.
Baixo desempenho
O desempenho dos estudantes brasileiros
no ensino fundamental é igual à média dos demais estudantes de países
avaliados pelo Terce em escrita e em ciências naturais em todos os
níveis e em leitura, no 4º ano, e em matemática, no 7º. O país supera a
média em matemática, no 4º ano, e em leitura, no 7º ano.
Apesar de toda a região ter apresentado
melhoras em relação à avaliação anterior, o estudo mostra que são poucos
os alunos que alcançam o máximo de desempenho. Ao todo, são quatro
níveis. No Brasil, a maior porcentagem de alunos no nível mais alto é
16,6%, em leitura do 7º ano.
A maioria dos estudantes concentra-se
nos níveis mais baixos, o que significa que não são capazes de
interpretar e inferir o significado de palavras em textos escritos nem
de resolver problemas matemáticos que exigem interpretar informações em
tabelas e gráficos.
O pior desempenho foi na prova de
ciências naturais, aplicada pela primeira vez no país aos alunos do 7º
ano. Apenas 4,6% estão no maior nível e 80,1%, nos níveis mais baixos.
Eles não são capazes de aplicar os conhecimentos científicos para
explicar fenômenos do mundo.
Os países que estão acima da média regional em todos os testes e anos avaliados são Chile, Costa Rica e México.
Redação
Na prova escrita, o Brasil está na média
dos demais países. O teste avalia os estudantes quanto a três
competências: domínio discursivo (adequação ao gênero e tipo textual),
textuais (coerência, concordância oracional e coesão) e convenções de
legibilidade (segmentação de palavras, ortografia e pontuação).
O Brasil ficou acima da média do bloco
apenas na última competência. Em domínio discursivo, o Brasil ficou
abaixo da média. No 4º ano, os estudantes tiveram que escrever uma carta
a um amigo e, no 7º, uma carta a uma autoridade escolar.
Em ambos os anos, e em quase todos os
domínios avaliados, com exceção do discursivo no 4º ano, a maior parte
dos estudantes está nos níveis mais altos de proficiência.
Autor: Agência Brasil
http://zip.net/brrKcP
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