A SEQUÊNCIA DIDÁTICA COMO PARTE DO PROJETO DE ESTUDO

@amlouzada1

Ana Maria Louzada[1]

Na tentativa de demarcar uma nova proposta de organização do trabalho pedagógico, bem como de romper com as proposições ora intituladas de projetos de trabalho e/ou pedagogia de projetos, alguns teóricos vêm indicando a sequência didática, como forma de organização do trabalho a ser realizado no lócus da escola.

Nesse sentido concebem o projeto e a sequência didática como propostas diferentes.

Observamos também, proposições de organização do trabalho pedagógico por meio de projetos como sinônimo de sequência didática.

Assim, temos nos deparado com propostas ora intituladas de sequência didática, ora de projeto didático, e, ainda em determinadas situações de atividades.

Percebemos ainda, que dependendo das questões abordadas, o foco está na técnica realizada, no passo a passo da sequência didática, e, em outras situações o foco está no processo em si.

Tais práticas evidenciam que os trabalhos propostos são planejados para as crianças, revelando que as mesmas estão se constituindo nesse processo como meras executoras.

Buscando refletir sobre essas questões, destacamos que a sequência didática não está desvinculada do que propomos como projeto de estudos.[2]

Isso porque, quando se desvincula essas duas dimensões da organização do trabalho pedagógico, corremos o risco de excluir a criança do processo de produção, apropriação e objetivação dos conhecimentos, bem como, de perpetuar as práticas que desconsideram as crianças como sujeitos de direitos: com direito a vez e voz, com direito de se inserir no processo de planejamento, implementação e avaliação do trabalho pedagógico.

@amlouzada1

Um
projeto de estudo precisa ser sonhado e projetado na perspectiva de uma gestão pedagógica compartilhada, de forma que as crianças possam ter ciência de quais conhecimentos se fazem necessários, bem como, quais objetivos e metas precisam alcançar no decorrer da sua implementação. As crianças precisam atuar de forma consciente e não como meras executoras de tarefas escolares.

E ainda, um projeto de estudos requer organização didática-pedagógica das diferentes e diversas situações de ensino aprendizagem, visando melhor produção, apropriação e objetivação dos conhecimentos.

Isso quer dizer, que um projeto de estudo, pressupõe a articulação dos conhecimentos cotidianos e científicos a serem trabalhados num dado tempo espaço didático-pedagógico.

Para a implementação desses conhecimentos, é fundamental uma sequência de situações de ensino aprendizagem, que respondam as questões de estudos do projeto, com vistas a alcançar os objetivos e as metas planejadas.

Essa sequência de situações de ensino aprendizagem se revela uma sequência didática, na perspectiva da metodologia de mediação didática-pedagógica dialógica.

Por isso, torna-se necessário refletir sobre as especificidades de um projeto de estudos e de uma sequência didática, sem perder de vista os seus pontos em comum.

Para tanto, destacamos que:

Projeto de Estudos - Constitui uma sequência de atividades, a serem realizadas no decorrer de um dado período, visando produção, apropriação e objetivação dos diferentes conhecimentos planejados, implementados e avaliados de forma compartilhada com e pela comunidade escolar.

Sequência Didática - Constitui parte do projeto de estudos, tendo em vista a importância de o mesmo ser organizado numa sequência de atividades envolvendo uma organização didática-pedagógica.

Ao concebermos que a sequência didática é uma organização do projeto de estudos, devemos considerar que nessa organização se inserem as questões de estudos, os objetivos, as metas, a metodologia, as situações de ensino aprendizagem, a avaliação, sempre com a participação efetiva das crianças nos diferentes tempos espaços de planejamento, implementação e avaliação dos estudos realizados.

Vale ressaltar que o sentido de atividade nesse contexto, não significa tarefa escolar. Concebemos a atividade como prática social e cultural.

Uma atividade é uma possibilidade de viver experiências diversas que promovam a compreensão dos conhecimentos estudados, e, para tanto, exige produção, apropriação e objetivação desses conhecimentos.

Uma atividade exige interação entre o “eu e o outro”, exige interlocução, pressupõe experiência concreta e compartilhada. Uma atividade pressupõe necessidade real, objetivo real, motivo real. Enfim, pressupõe interlocutor real.

Nesse sentido, para a implementação de um projeto de estudos, é importante a realização de diferentes e diversas atividades, que por sua vez exigem ser vivenciadas por meio de significativas sequências didáticas, cujo passo a passo constituem as situações de ensino aprendizagem.

Como podemos ver, não dá para considerar a sequência didática e o projeto de estudo de forma dicotômica, e, nem, como sinônimos, mas, como dimensões da organização do trabalho pedagógico que se articulam de forma dialética.

As sequências didáticas promovem a implementação das atividades a serem vivenciadas no decorrer de um projeto de estudo.

Isso porque, o projeto de estudo, exige significativas atividades organizadas numa sequência didática, de forma que se garanta coerência entre os conhecimentos a serem discutidos num processo de interlocução entre os mesmos com o currículo vivido (vida real).

Pois bem, ao considerarmos a sequência didática como parte que integra o projeto de estudos, devemos reconhecer a importância da participação das crianças no decorrer do planejamento, implementação e avaliação da mesma, (planejamento coletivo).

Veja, que nessa metodologia, é importante reconhecer as reais necessidades e interesses das crianças, com vistas à aprendizagem significativa.

Tais questões revelam que não é prudente planejar uma sequência didática para as crianças atuarem como meras executoras.

Não dá para desvincular as atividades e as situações de ensino aprendizagem a serem vivenciadas das reais necessidades das crianças com as quais estamos trabalhando.

Isso quer dizer, que na organização do trabalho pedagógico por meio de projetos de estudos, os conhecimentos a serem organizados numa sequência didática, precisam ser discutidos, refletidos e analisados coletivamente, de forma que as crianças e a comunidade escolar aprendam a consensuar e externar as suas ideias, desejos e reais necessidades.

E ainda, não basta estarmos atentos apenas ao/no processo, é fundamental estabelecermos metas, no sentido de garantir resultados importantes.

Esses resultados constituem a objetivação dos conhecimentos produzidos e apropriados no lócus da escola (conhecimentos científicos) em consonância com o cotidiano das práticas sociais e culturais da comunidade (conhecimentos cotidianos).

Essa proposta insere a professora e/ou o professor como autoridades no processo de ensino aprendizagem, no sentido de ensinar, mediar, delegar funções com/entre as crianças, com/entre a comunidade escolar, enfim, coordenar todo o processo com a seriedade que requer o rigor sem perder a delicadeza do humano, do amor e da inclusão de todas e todos, inclusive de si mesma/mesmo.

[1] Mestre em Educação/UFES, Orientadora Educacional, Consultora Educacional, Escritora, Palestrante
[2] Artigo publicado no Blog Cantinho de Estudo em novembro/2012

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