Brasil perde 4,6 milhões de leitores em quatro anos
O Brasil perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. De 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. Já os não leitores, ou seja, brasileiros com mais de 5 anos que não leram nenhum livro, nem mesmo em parte, nos últimos três meses, representam 48% da população, o equivalente a cerca de 93 milhões de um total de 193 milhões de brasileiros.
As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior - passando de 82% em 2015 para 68% em 2019 -, e entre os mais ricos. Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%.
O brasileiro lê, em
média, cinco livros por ano, sendo aproximadamente 2,4 livros lidos
apenas em parte e, 2,5, inteiros. A Bíblia é apontada como o tipo de livro mais
lido pelos entrevistados e também como o mais marcante.
Esta é a 5ª edição da
pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró Livro em
parceria com o Itaú Cultural.
Foram feitas 8.076
entrevistas em 208 municípios entre outubro de 2019 e janeiro de 2020. A coleta
de dados foi encomendada ao Ibope Inteligência. A pesquisa foi feita antes da
pandemia do novo coronavírus, não refletindo, portanto, os impactos da
emergência sanitária na leitura no país.
INTERNET
E REDES SOCIAIS
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Zoara
Failla, a internet e as redes sociais são razões para a queda no percentual de
leitores, sobretudo entre as camadas mais ricas e com ensino superior.
“[Essas pessoas]
estão usando o seu tempo livre, não para a leitura de literatura, para a
leitura pelo prazer, mas estão usando o tempo livre nas redes sociais”, diz.
“A gente nota que a
principal dificuldade apontada é tempo para leitura e o tempo que sobra está
sendo usado nas redes sociais”, completa.
O estudo mostra que
82% dos leitores gostariam de ter lido mais. Quase a metade (47%) diz que não o
fez por falta de tempo. Entre os não leitores, 34% alegaram falta de tempo e
28% disseram que não leram porque não gostam. Esse percentual é 5% entre os
leitores.
A internet e o
WhatsApp ganharam espaço entre as atividades preferidas no tempo livre entre
todos os entrevistados, leitores e não leitores. Em 2015, ao todo, 47% disseram
usar a internet no tempo livre. Esse percentual aumentou para 66% em 2019. Já o
uso do WhatsApp passou de 43% para 62%.
DIFICULDADES
DE LEITURA
A pesquisa mostra ainda uma série de dificuldades de
leitura. Entre os entrevistados, 4% disseram não saber ler, outros 19% disseram
ler muito devagar; 13%, não ter concentração suficiente para ler; e, 9% não
compreender a maior parte do que leem.
Há ainda entraves
para acesso aos livros. “O Brasil está vivendo uma crise na economia, vemos
dificuldade para o acesso, para a compra [de livros]. As pessoas estão
frequentando menos bibliotecas”, diz Zoara.
Segundo a pesquisa,
5% dos leitores e 1% dos não leitores disseram não ter lido mais porque os
livros são caros; e, 7% dos leitores e 2% dos não leitores não leram porque não
há bibliotecas por perto.
INCENTIVOS
Um dos fatores que influencia a leitura, de acordo com
o estudo, é o incentivo de outras pessoas. Um a cada três entrevistados, o
equivalente a 34%, disse que alguém os estimulou a gostar de ler.
Os professores
aparecem em primeiro lugar, apontados por 11%. Em segundo lugar está a mãe ou
responsável do sexo feminino, apontado por 8%, e, em seguida, está o pai,
responsável do sexo masculino ou algum outro parente apontado por 4%.
“É fundamental
investir na formação desse mediador. O professor, mediador de leitura, o
bibliotecário que também assuma de alguma forma esse papel. A gente viu a
importância desse mediador quando é assumido por uma família, mas que é uma
família de classe alta, de nível superior. E as crianças que vêm de famílias
mais vulneráveis? Eu acho que a escola tem que suprir esse papel”, avalia
Zoara.
Fonte: Agência Brasil
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