MEC apresenta currículo único para educação básica do País
Linguagem do documento, estruturado em quatro áreas, não será técnica, o que permitirá o acompanhamento por professores e pais
Considerado um desafio para o avanço
educacional no País, o currículo nacional único para o ensino básico
será apresentado nesta quarta-feira, 16, pelo Ministério da Educação em
versão preliminar. Os objetivos de aprendizagem serão divididos segundo o
contexto de experiências do aluno - de abordagem mais lúdica, nos
primeiros anos, até conceitos mais abstratos, no fim do ensino médio. A
linguagem do texto não é estritamente técnica, o que facilita o
acompanhamento por professores e até pais.
A ideia é trazer objetivos de
aprendizagem para todas as etapas e matérias, sem dizer como ensinar,
segundo redatores do texto ouvidos pelo Estado. Além de introdução, em
que são listados 12 direitos gerais de aprendizagem, o documento é
estruturado em quatro áreas.
A divisão é por Linguagens, Matemática,
Ciências da Natureza e Ciências Humanas, já prevista em leis
educacionais e usada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Cada área
se desdobra em disciplinas, como Artes ou Química.
A diversidade sexual e de gênero,
polêmica nos planos estaduais e municipais de educação, aparece no
ensino de ética, direitos humanos e cidadania, transversais nas
disciplinas.
“Toda vez em que houve necessidade de
referência a isso, foi efetivamente feita”, diz Hilda Micarello, docente
da Federal de Juiz de Fora (UFJF) que coordenou o grupo de
especialistas responsáveis pelo texto.
Denis Mizne, da Fundação Lemann, teve
acesso a trechos do documento. “Não é uma extensa indicação do que o
aluno precisa saber em cada disciplina, mas foram destacados pontos
principais.” A linguagem, diz Mizne, permite que as famílias saibam o
que os filhos devem aprender.
Divisões.
O currículo
cobre cerca de 60% do conteúdo. Redes municipais e estaduais são
responsáveis pelos outros 40%. Nessa parte, trabalha-se, por exemplo,
assuntos locais. “Quatro componentes, ao menos, clamam por regionalidade
forte: História, Geografia, Biologia e Língua Portuguesa”, diz o
ministro Renato Janine Ribeiro.
Para Luis Carlos de Menezes, que também
redigiu o texto, a maturidade do aluno em cada fase é respeitada. No 1.º
ano do ensino médio, a ideia é tratar aspectos mais concretos em
Ciências da Natureza. “Nos anos seguintes, aprofunda-se no
submicroscópico”, diz ele, da Universidade de São Paulo (USP).
Identidade de gênero.
Além da menção à identidade de gênero na nova base, o ministro da
Educação reforçou nesta terça-feira a crítica do MEC em relação ao veto
do termo na maioria dos Planos Municipais de Educação (PMEs) aprovados
em todo o País. “Várias vezes já lastimei que a discussão sobre o Plano
Nacional de Educação tenha se concentrado na chamada ideologia de
gênero, em vez de questionar questões mais próximas à educação. Se não
houver educação clara, honesta e franca sobre isso, esses jovens terão
dificuldade de lidar com quatro problemas fortes: gravidez indesejada,
doenças venéreas, abuso sexual e bullying contra quem não segue um
determinado padrão, geralmente o heterossexual.”
Nas últimas semanas, tanto o MEC quanto o Conselho Nacional de Educação emitiram notas técnicas favoráveis ao uso do conceito.
Fonte: Undime
Autor: Estadão
Acesso em 16/09/2015
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